O Amor move montanhas e pedras de igreja.
A história que vos quero contar está relacionada com amor e justiça (ou a falta dela).
Tudo corria de feição, até que certo dia, por irresponsabilidade de quem, não se sabe, a igreja é saqueada e roubado o relicário.
Como é sabido, tanto na época como ainda hoje em dia, em sita de solucionar o problema, é rapidamente encuações de erro, gafe ou tragédia, a melhor maneirontrar-se a quem incriminar.
Na altura a batata quente calhou ao jovem Simão, afinal a vizinhança achava estranhíssimo tal rapaz frequentar tanto a redondeza, ainda para mais sendo cristão-novo (nome dado aos judeus que foram “convidados” pelo Rei a tornarem-se cristãos).
O jovem foi levado a Tribunal do Santo ofício, mas para descontentamento dos curiosos, apesar de continuamente se declarar inocente, pouco ou nada revelou em relação às razões das suas constantes visitas noturnas à zona do Campo de Santa Clara.
Não restando outra opção ao tribunal, o mesmo decide condenar o jovem à fogueira.
A caminho do seu destino, fosse por crença ou desespero, o jovem olha para a igreja que era morada das relíquias de Santa Engrácia de Saragoça, a venerada jovem mártir que havia dado sua vida pelas causas humanitárias e grita: “é tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!"
Milagre da Mártir ou Maldição do Simão, a verdade é que tempos mais tarde foi apanhado o verdadeiro culpado e a honra do jovem ilibada, no entanto, para que não restassem mais dúvidas acerca da sua inocência, lá continuou a pobre igreja sem ser acabada.
Foram necessários precisamente 284 anos para que a mesma fosse dada como concluída, tempo suficiente para viver e morrer os filhos, netos, bisnetos e até tetranetos daqueles que injustamente o tinham difamado.
Em relação às verdadeiras razões do jovem Simão vaguear as redondezas do Campo de Santa Clara, também estavam encerradas em espaço cristão, mas a sua relíquia chamava-se Violante, uma jovem fidalga, freira no convento de Santa Clara por quem estava enamorado a quem tinha prometido fugir, por o seu relacionamento não ser autorizado pelo pai da moça.
Comentários