O Amor move montanhas e pedras de igreja.

A história que vos quero contar está relacionada com amor e justiça (ou a falta dela).


O ano era 1568, quando a Infanta D. Maria, que todos recordam como bela, simpática e infindamente abastada, determina a construção de uma igreja junto ao campo da Santa Clara, onde viria a ser guardado o relicário da mártir Engrácia de Saragoça.

Tudo corria de feição, até que certo dia, por irresponsabilidade de quem, não se sabe, a igreja é saqueada e roubado o relicário. 

Como é sabido, tanto na época como ainda hoje em dia, em sita de solucionar o problema, é rapidamente encuações de erro, gafe ou tragédia, a melhor maneirontrar-se a quem incriminar.

Na altura a batata quente calhou ao jovem Simão, afinal a vizinhança achava estranhíssimo tal rapaz frequentar tanto a redondeza, ainda para mais sendo cristão-novo (nome dado aos judeus que foram “convidados” pelo Rei a tornarem-se cristãos).

O jovem foi levado a Tribunal do Santo ofício, mas para descontentamento dos curiosos, apesar de continuamente se declarar inocente, pouco ou nada revelou em relação às razões das suas constantes visitas noturnas à zona do Campo de Santa Clara.

Não restando outra opção ao tribunal, o mesmo decide condenar o jovem à fogueira. 


A caminho do seu destino, fosse por crença ou desespero, o jovem olha para a igreja que era morada das relíquias de Santa Engrácia de Saragoça, a venerada jovem mártir que havia dado sua vida pelas causas humanitárias e grita: “é tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!"


Milagre da Mártir ou Maldição do Simão, a verdade é que tempos mais tarde foi apanhado o verdadeiro culpado e a honra do jovem ilibada, no entanto, para que não restassem mais dúvidas acerca da sua inocência, lá continuou a pobre igreja sem ser acabada. 

Foram necessários precisamente 284 anos para que a mesma fosse dada como concluída, tempo suficiente para viver e morrer os filhos, netos, bisnetos e até tetranetos daqueles que injustamente o tinham difamado.


Hoje em dia esta igreja é conhecida por Panteão Nacional, e apesar de acreditar já não conter a relíquias da jovem, que afinal era original de Braga, Saragoça foi apenas o local onde foi assassinada, contém as relíquias de tantos outros ilustres portugueses, que se distinguiram pelos serviços prestados ao país nas mais variadas áreas,


Em relação às verdadeiras razões do jovem Simão vaguear as redondezas do Campo de Santa Clara, também estavam encerradas em espaço cristão, mas a sua relíquia chamava-se Violante, uma jovem fidalga, freira no convento de Santa Clara por quem estava enamorado a quem tinha prometido fugir, por o seu relacionamento não ser autorizado pelo pai da moça.

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